quarta-feira, 26 de agosto de 2009

O coronelismo e a dominação local

De forma geral os livros de História do Brasil costumam abordar o “Coronelismo” de forma bastante simplista, tratando-o como um processo simples e homogêneo. Dessa forma reduzem o poder dos coronéis aos currais eleitorais, através do voto de cabresto, e limitam sua influencia aos períodos eleitorais. Contudo, não podemos cometer o erro de perpetuar essa visão reducionista, o coronelismo foi uma expressão de poder complexa e heterogênea.
O poder dos coronéis surge ainda no período imperial, com as relações de patronato rural com os libertos, alimentando-se das relações de domínio pessoal. Ganha peso na primeira republica, com a política dos governadores, que fortalece o poder estadual, fundamentando seu poder no domínio social, econômico, político e ideológico.
Tivemos, contudo, três períodos distintos de dominação dos coronéis. O primeiro corresponde a primeira republica(1900 à 1930), cujo poder foi mantido através da das milícias particulares, o segundo se caracteriza durante o governo provisório e o estado novo(1930 à 1945), como o poder assegurado pela tradição de mando, ou seja, o prestigio socialmente reconhecido e a propriedade de terra, enquanto o terceiro momento que inicia com o fim do estado novo e tem seu fim com o golpe militar se caracteriza pela mercantilização do voto e a ação marcante dos currais eleitorais.
Em sua primeira fase, o coronelismo baseava seu poder na força e coerção. Diante do cenário político vigente, eleições diretas, voto aberto e mecanismos favoráveis ao poder ao poder local,como as atas falsas e as comissões eleitorais controladas pelos coronéis, a democracia instaurado com o advento da republica se revela utópica e as praticas eleitorais revelam os coronéis como última instancia de representação. Diante disso podemos perceber que o número de votantes não exercia real significância, o poder local era controlado pelas milícias particulares e sua força de coerção.
Com a revolução de 30 e a centralização do poder, em detrimento as oligarquias locais, os estados passam a ser governados por interventores, nomeados pelo governo federal, e com ajuda do exercito passam a ter o controle dos estados marginalizando os grandes proprietários de terra. Apesar disso os interventores não conseguiram controlar e realizar as políticas sócias sem o intermédio dos coronéis, surge então a segunda fase do coronelismo baseada na tradição de mando e nas grande propriedades de terra. Ou seja, a nova relação de domínio dos coronéis baseava-se em um prestigio de socialmente reconhecido de domínio garantindo assim a legitimidade do poder local.
O período posterior ao estado novo se caracteriza como o ultimo momento de força dos coronéis que durou até o golpe militar de 1964. Contudo mudanças de ordem política fazem com que seja necessário mais uma adequação dos mecanismos utilizados pelos coronéis, a coerção e o prestigio de mando já não eram suficientes, apesar de não terem deixado de existir. Com a redemocratização do país e as novas leis eleitorais o voto passa a ser a principal fonte de legitimação do poder. Diante da nova situação o colégio eleitoral passa a ser o principal alvo dos coronéis que inauguram a mercantilização do voto. Através de praticas paternalísticas as relações de domínio e dependência são mantidas e os currais eleitorais passam a sofrer relações comerciais.
O coronelismo começa a declinar no final da década de 1950, as ligas camponesas e a massificação dos meios de comunicação, com o radio a pilha como principal veiculo, trazem as ideologias urbanas para o campo, os trabalhadores rurais passam a conhecer idéias de esquerda e os movimentos sindicalistas, que atrelados com o poder e a influência exercida pela igreja rompem com a segregação rural e o poder dos coronéis.
João Luzardo Neto

domingo, 23 de agosto de 2009

Populismo no Brasil

Ao tentarmos entender o fenômeno populista brasileiro precisamos, antes de tudo, conceituar o termo “populismo” e determinar sua origem histórica.
O populismo é uma orientação política que busca através de um líder carismático o apoio popular irrestrito. Surgindo nos momentos de grandes mudanças econômicas e sociais, sobretudo nos momentos de urbanização e industrialização de uma sociedade, o populismo se utiliza das emergências das camadas populares e da falta de organização e discernimento da mesma para se perpetuar no poder. Através da aproximação emocional entre o grande líder carismático e as massas populares. Sem nenhum tipo de intermédio.
No mundo contemporâneo temos na Rússia, do inicio do século XX, a primeira experiência populista nos moldes por nós conhecidos. Diante da urbanização russa e da suposta ameaça capitalista, lideranças comunistas da Rússia se utilizam dos mecanismos populistas para combater o capitalismo e instaurar a ditadura do proletariado no país.
No caso brasileiro devemos levar em consideração cinco fatores que permearam seu surgimento, na decada de 1930, são eles: urbanização, industrialização, nacionalismo, a emergência das camadas populares e a liderança carismática.
Fazendo valer o contexto histórico brasileiro Getulio Vargas inaugurou a pratica que permearia a política brasileira até o golpe militar de 64 e reapareceria em 2002, com o governo Lula. Líder da revolução de 30, que lutou contra a descentralização do poder e o liberalismo agrário baseado no poder das oligarquias, Vargas encontrou na vitoria dos ideais de 30 as bases necessárias para a implementação das praticas populista.
Com o fim do domínio dos grandes oligarcas estaduais e a valorização da industrialização brasileira, a população migrou para as cidades. As novas praticas econômicas e trabalhistas gerou novas emergências a recém criada classe urbana. Desprovidos de discernimento político e de organização aceitaram pacificamente a dominação populista.
O nacionalismo surgiu dentro do Exercito, com o movimento tenentista, braço armado da revolução de 30, ideologia que se encontrava no centro da luta contra o poder oligárquico. Tema muito utilizado pelas campanhas publicitárias durante o Estado Novo.
Traçadas as bases da nova republica brasileira precisávamos, apenas, do grande líder carismático. Utilizando de uma imensa abilidade política e das praticas midiáticas inauguradas por Goebbels, ministro da propaganda de Hitler, Vargas se tornou esse grande líder carismático e inaugurou, no Brasil, uma pratica política utilizada até os dias atuais.



João Luzardo Neto

Bem Vindos às Perspectivas da História brasileira

O que é o blog perspectivas do Brasil? Bom o "Perspectivas do Brasil" ambiciona ser um meio facilitador ao estudo de História do Brasil. Trazendo artigos temáticos sobre a nossa História com o objetivo de levar conhecimento a todos que se interessem pelo assunto.
Não pretendemos fazer uma História linear, nos moldes do ensino escolar de História, buscaremos, aqui, trazer temas de relevância histórica e interesse popular,sem a preocupação da linearidade, mas com a busca initerrupta pela qualidade dos artigos postados.
Pretendo, com a ajuda de amigos e colaboradores, disponibilizar um vasto volume de artigos sobre os mais diversos temas da História brasileira, sejam eles escritos por mim ou por algum historiador consagrada, sempre com as devidas referencias.
Espero conseguir desenvolver ao máximo os objetivos traçados. Buscando sempre aprimorar o conteúdo disponibilizado.
Bons estudos a todos nós.